Porque é que isso é importante? Quando falarmos de risco vamos aprofundar certos conceitos importantes sendo que podemos distinguir:
Risco que estamos dispostos a aceitar Risco que podemos aceitarImaginemos uma pessoa dinâmica (disposta a aceitar muito risco) mas cujo horizonte temporal de investimento é 1 ano. Assim a pessoa, caso faça um investimento responsável, não deve colocar 100% do investimento no mercado acionista porque a probabilidade de perda é maior do que seria aceitável porque o mercado acionista tem vários anos negativos.
Vamos pegar num exemplo. Neste caso o S&P 500 desde Janeiro de 1980 através da cotação de um fundo índice da Vanguard.
Uma boa performance se olharmos no longo prazo, mas conseguimos ver perfeitamente quedas. Ali em 2000, em 2008 e agora em 2022 são perfeitamente visíveis.
Ora se o investimento for só de um ano nada nos garante que não vamos apanhar um período mau desses. Podemos saber qual a probabilidade histórica de termos apanhado um mau período (pelo menos negativo)?
Neste caso,
1 ano => 19%
3 anos => 12%
5 anos => 10%
10 anos => 5%
20+ anos => 0%
Atenção estes dados são históricos (podem não se repetir) e são referentes ao S&P 500 desde Janeiro de 1980. Mas a ideia é relativamente geral, quanto maior o período de investimento menor a probabilidade de ter uma rentabilidade negativa.
Mas não é só isto que é importante. A dispersão dos retornos possíveis também diminui quanto mais longo for o Horizonte Temporal.
Como podemos ver nestes boxplots quanto maior o período de investimento menor a dispersão dos retornos que historicamente aconteceram.
Aqui pode-se ver que a 1 ano (período de investimento de 12 meses, não necessariamente um ano civil) as rentabilidades variaram entre +57% e -45%. Uma amplitude significativa para o nosso investidor que precisa de garantir que daqui a 12 meses não perdeu dinheiro, mesmo sendo ele um investidor dinâmico.
Contudo, podemos ver que em horizontes temporais maiores não só as "velas" são muito mais pequenas mas os corpos (que detêm 50% das observações) também são mais pequenos. Os valores extremos a 1 e 3 anos também são relativamente longe das velas, sendo que a partir dos 5 anos ou deixam de existir ou estão pertos das velas.
Isto é o que quer dizer que a volatilidade dos investimentos a longo prazo é mais baixa do que a curto prazo. Parece quase contraintuitivo porque para chegarmos ao longo prazo tivemos de passar pelo curto prazo. E isso é o que leva os investidores a cometeram muitos erros pois, infelizmente, preocupamo-nos com o curto prazo mesmo quando estamos a investir para a nossa reforma daqui a 20 anos. Iremos debater isso na série dedicada a Finanças Comportamentais.