Proteção de Ativos em Caso de Falência das Corretoras

[JEMC]

Bom dia todos,

Queria trazer à discussão um tema que me preocupa regularmente. Tem a ver com a potencial falência dos brokers com quem invisto. Quando discuto este tema, parece-me que as pessoas não sabem bem o que estão a dizer (eu incluído). Baralham-se conceitos de titularidade de ativos com, por exemplo, a garantia dos depósitos bancários. Defende-se investir através de Bancos pois o dinheiro está "mais perto" e existe "um sítio (balcão) onde se pode ir reclamar", assumindo para isso as comissões mais elevadas.

A Degiro tem no site:

In the event that something were to happen to DEGIRO, the segregation of client assets ensures that your funds and positions will not be affected. Client assets are held separately from DEGIRO assets and are not treated as recoverable assets to DEGIRO's creditors. In the event that something happens to DEGIRO, your assets will still belong to you.

Eu particularmente não percebo bem o risco a que estou sujeito. Na prática não entendo exatamente o que acontece numa situação dessas. Numa situação destas os ativos são do cliente, mas o que é que isso significa na prática? Como e onde se transacionam esses ativos nessa situação? Sou o único com esta preocupação?

Alguém tem conhecimento relevante que possa partilhar, ajudando assim a trazer alguma clareza a esta questão?

Abraços

[Virtua]

Sou o único com esta preocupação?

Pelo contrário. Ainda estou para ver quem não tem essa preocupação

Da minha experiência não vai haver nada que te vá fazer com que a preocupação diminua excepto não seres clientes de correctoras. Pessoalmente sou cliente invest e faço os reforços anualmente. Conheço outras pessoas que têm os ETFs na carregosa por exemplo.

Mas indo mais a pormenor do teu post:

Defende-se investir através de Bancos pois o dinheiro está "mais perto" e existe "um sítio (balcão) onde se pode ir reclamar"

Pessoalmente não é a razão pela qual está num banco nacional. Está num banco porque me sinto mais seguro ao ter dinheiro em algo crítico ao sistema e que não vão deixar falir. Eu nem quero o stress de ter a instituição onde tenho o dinheiro a falir, mesmo que saiba que vou rever o dinheiro passado 2 meses.

Eu particularmente não percebo bem o risco a que estou sujeito.

Então recomendo a que não estejas sujeito a esse risco. O mesmo dos investimentos. "Não investir em algo que não se percebe bem".

Na prática não entendo exatamente o que acontece numa situação dessas

A instituição entra em insolvência e um tribunal toma conta dos activos (não é bem assim mas estou a simplificar). O tribunal depois vê de quem são os activos e transfere-te para a conta que lhes deres para te enviarem os teus.

[D@emoon]

Ou, o banco é comprado por outro e tudo fica igual, foi assim com o BPN, Banif etc, se a Degiro falir não sei o que vai acontecer, tenho dinheiro numa plataforma de crypto porque sou obrigado lol, e mesmo assim só já a utilizo só para fazer a compra, depois transfiro para uma wallet, mas mesmo assim...

Fundos é no Best e é aí que é o meu investimento, e se fosse comprar ETFs também seria no Best, percebo que levam muitooo a sério as comissões, mas prefiro pagar mais por um serviço que me deixa descansado que pagar zero na compra e venda e um dia ficar agarrado, mas isto sou eu, já não tenho idade para andar a brincar com o meu dinheiro.

[JEMC]

Então recomendo a que não estejas sujeito a esse risco. O mesmo dos investimentos. "Não investir em algo que não se percebe bem".

Basicamente estás a dizer-me: "Então recomendo que não invistas." Diria que um dos intuitos deste fórum é o oposto
Não conhecer o real risco de falência de uma corretora e dos procedimentos que daí decorrem deve ser transversal (vou ser simpático) a 90% dos investidores particulares.

A instituição entra em insolvência e um tribunal toma conta dos activos (não é bem assim mas estou a simplificar). O tribunal depois vê de quem são os activos e transfere-te para a conta que lhes deres para te enviarem os teus.

Obrigado. Por curiosidade, já aconteceram estas situações no passado? A devolução é feita em dinheiro com a liquidação dos ativos ou também se pode dar a transferência da gestão dos títulos para outra instituição?

[D@emoon]

Então recomendo a que não estejas sujeito a esse risco. O mesmo dos investimentos. "Não investir em algo que não se percebe bem".

Basicamente estás a dizer-me: "Então recomendo que não invistas." Diria que um dos intuitos deste fórum é o oposto
Não conhecer o real risco de falência de uma corretora e dos procedimentos que daí decorrem deve ser transversal (vou ser simpático) a 90% dos investidores particulares.

A instituição entra em insolvência e um tribunal toma conta dos activos (não é bem assim mas estou a simplificar). O tribunal depois vê de quem são os activos e transfere-te para a conta que lhes deres para te enviarem os teus.

Obrigado. Por curiosidade, já aconteceram estas situações no passado? A devolução é feita em dinheiro com a liquidação dos ativos ou também se pode dar a transferência da gestão dos títulos para outra instituição?

Eu diria mais que o intuito do fórum é levar as pessoas a terem consciência dos riscos de investir e onde investir, aumentar a literacia financeira e depois sim cada um decidir, temos de ter essa parte pedagógica e não sermos um fórum maluco agora estão na moda os Certificados, temos de ser um fórum capaz de dizer que por cada 1.000€ investidos ganhas 2€ por mês, decidires se realmente queres ganhar 25€ por ano menos inflação de 4% ( sei que andei aqui a vaguear mas acho que percebeste ).

[Virtua]

Basicamente estás a dizer-me: "Então recomendo que não invistas."

Recomendo que não invistas no que não percebes e/ou te sentes confortável, sim

O objectivo deste fórum é dar-te o conhecimento para passares a saber o que não sabes e investires com base nesse conhecimento. Claro que podes sempre "testar as águas". Mas teres uma parcela significativa do teu investimento em produtos que desconheces normalmente não acaba bem, mesmo que o produto seja "bom".

No caso específico que falamos, se não estás à vontade a investir na DeGiro etc etc recomendo que não invistas por lá e optes por algo com que te sintas mais confortável.

Por curiosidade, já aconteceram estas situações no passado?

Montes de vezes. Queres bancos nacionais ou internacionais? Correctoras internacionais?

Assim mais memorável (para mim) tens o BPP (caso mais complicado porque eram produtos estruturados "da casa" e o processo ficou em tribunal montes de anos), tens um caso de resolução "simples" para quem tinha DPs e outros produtos de jeito (onde excluo os estruturados) como os ETFs que é o BES. Fizeram dois bancos, os ETFs e DP e outros bons produtos passaram logo para o Novo Banco. O mesmo se passou com o BANIF que foi comprado pelo Santander e simplesmente passaste a ser cliente Santander.

Quem tinha ETFs na Lehman também foram transferidos para outros bancos. O mesmo para corretoras.

A leres: What Happens to Lehman’s Customers? e When Brokers Go Bankrupt

[JEMC]

Resumindo, muito obrigado pelos vossos esclarecimentos que, no geral, e ignorando um outro comentário mais inusitado, responderam à questão inicial levantada. Os artigos sugeridos são muito interessantes.

[Louie]

Bom dia todos,

Queria trazer à discussão um tema que me preocupa regularmente. Tem a ver com a potencial falência dos brokers com quem invisto. Quando discuto este tema, parece-me que as pessoas não sabem bem o que estão a dizer (eu incluído). Baralham-se conceitos de titularidade de ativos com, por exemplo, a garantia dos depósitos bancários. Defende-se investir através de Bancos pois o dinheiro está "mais perto" e existe "um sítio (balcão) onde se pode ir reclamar", assumindo para isso as comissões mais elevadas.

A Degiro tem no site:

In the event that something were to happen to DEGIRO, the segregation of client assets ensures that your funds and positions will not be affected. Client assets are held separately from DEGIRO assets and are not treated as recoverable assets to DEGIRO's creditors. In the event that something happens to DEGIRO, your assets will still belong to you.

Eu particularmente não percebo bem o risco a que estou sujeito. Na prática não entendo exatamente o que acontece numa situação dessas. Numa situação destas os ativos são do cliente, mas o que é que isso significa na prática? Como e onde se transacionam esses ativos nessa situação? Sou o único com esta preocupação?

Alguém tem conhecimento relevante que possa partilhar, ajudando assim a trazer alguma clareza a esta questão?

Abraços

A Degiro tem os ativos dos clientes segregados num entidade terceira que tem a sua custódia. Tal como diz o texto, se a Degiro falir os ativos dos clientes não serão alvo de recuperação de ativos pelos seus credores. Os ativos serão sempre teus e só os perdes se for cometida alguma fraude, o que já é outra história.

Relembro ainda que a Degiro é uma corretora holandesa e que foi adquirida há pouco tempo pelo Flatex Bank da Alemanha e portanto são instituições plenamente integradas no sistema financeiro europeu estando ao abrigo das suas regras e regulações. Ambas as empresas são auditadas e as suas contas são públicas.

Dito isto, cada um de nós tem tolerâncias ao risco diferentes. A meu ver há fraudes e falências em todo o lado e cá em Portugal temos tido n exemplos. Lá fora também, por exemplo na Alemanha. Está para muito breve a união bancária e a união dos mercados de capitais na europa, portanto brevemente ter conta em Portugal será o mesmo que ter em conta em qualquer país da zona euro.

[D@emoon]