Como funciona um ETF de Obrigações
Como funciona um ETF de Obrigações
Obrigações, cupões, preços e yields to maturity
Recentemente tenho visto cada vez mais um interesse em Obrigações, principalmente devido à queda histórica do ano passado ao mesmo tempo que as taxas de juro estão a aumentar.
Vou tentar explicar o funcionamento de ETFs de obrigações. Estou a partir do principio que as pessoas compreendem o básico sobre obrigações. Eu compro uma obrigação que tem um cupão e uma determinada maturidade. Nessa maturidade revejo o meu dinheiro de volta e entretanto vou recebendo os juros/cupão.
Exemplo: Comprei uma Obrigação do Tesouro a 100% com um cupão de 3%, que vai vencer daqui a 2 anos. Esta é a rentabilidade esperada, 3% ao ano durante os 2 anos.
Este é o primeiro passo. Compreender que uma obrigação é um empréstimo que fazemos a uma entidade, no nosso caso à República Portuguesa, por um determinado período de tempo.
O segundo passo é compreender o mercado secundário.
Qual a diferença entre mercado primário e mercado secundário?
Para quem não sabe o mercado secundário é, de uma forma simplificada, onde se compra e vendem as obrigações "em segunda mão". Ou seja, eu comprei uma obrigação, mas depois quero vendê-la. Posso fazê-lo no mercado secundário. MAS nada garante que vou conseguir vender a 100%, que foi o preço a que eu comprei no mercado primário.
A "garantia de capital" de uma obrigação é na data da maturidade, no nosso caso daqui a 2 anos. Entretanto a obrigação pode e vai variar de preço.
O que faz uma obrigação variar de preço?
Imaginemos que as taxas de juro continuam a subir. A nossa OT (Obrigação do Tesouro) que compramos a 100% e com um cupão de 3% deixa de ser tão atractiva. Porquê? Porque se as taxas continuaram a subir muito provávelmente passou a existir produtos "concorrentes" que pagam uma taxa mais elevada. Para simplificar vamos imaginar que o "produto concorrente" é uma nova emissão de Obrigações do tesouro e que tem exactamente a mesma data de maturidade da primeira, mas agora apresenta um cupão de 3.5%.
OT 1 - Data de Maturidade X, cupão 3%
OT 2 - Data de maturidade X, cupão 3.5%
Ora eu, como investidor, tenho duas obrigações que apresentam o mesmo risco de crédito (ambas OTs) e a mesma maturidade mas uma obrigação apresenta um cupão de 3% e a outra apresenta um cupão de 3.5%. Qual escolheriam? Claro que a que tem um cupão de 3.5%.
Então o que acontece às primeiras? Os investidores que as tinham vão claro querer vendê-las para trocar pelas segundas.
Se o mercado for eficiente (que normalmente é) neste caso em que a OT 1 e a OT 2 têm que ter a mesma rentabilidade. Mas o cupão é diferente e vem no contrato. Não vamos alterar o cupão da OT 1.
Então é aqui que entra o mecanismo de preço. Se o cupão da OT 1 é de 3% quer dizer que vamos ganhar menos 1 ponto percentual que na OT 2 (os 0.5 pontos percentuais de diferença do cupão multiplicado pela maturidade de 2 anos).
Contas de merceiro dizem-nos que a OT 1 deve andar pelos 99%. Ou seja, quem compra a OT 1 vai pagar 99 cêntimos por cada euro de valor nominal. Se o valor nominal for de 1000 euros, vocês vão conseguir comprar a OT 1 por 990 euros.
Essa diferença de 1 ponto percentual virá do desconto no preço. Ou seja vocês podem comprar a OT 2 a 100% com um cupão de 3.5% ou a OT 1 com um cupão de 3% mas com um desconto de 1% face ao valor nominal. No final do dia, excluindo questões fiscais, deverá ir dar ao mesmo.
Por isso é que quando as taxas de juro sobem as obrigações caem. A rentabilidade ou vem de cupão ou terá de vir de descontos do preço. O contrário também acontece. Ou seja, quando as taxas de juro caem as obrigações com cupões altos vão se tornar mais apetecíveis e vão ter um preço acima do par (acima de 100%).
Aqui nasce outro conceito, que é a rentabilidade da obrigação tendo em consideração o cupão **e** o preço e chama-se yield ou **yield to maturity**. Se levarem a obrigação até à maturidade é a rentabilidade que vão ter. Não precisam de andar a fazer contas ao preço e ao cupão. A **yield to maturity** é o que interessa e por isso acaba por ser o mais discutido e divulgado em finanças/investimento.
Vamos recapitular os conceitos para a secção seguinte:
**Cupão** => Os juros que a obrigação paga, por exemplo semestralmente;
**Maturidade** => A data de reembolso do capital investido AKA o "fim" do empréstimo;
**Taxa de juro e obrigações movimentam-se em sentidos opostos**, com se fossem uma balança, para compensar movimentos das taxas de juro;
**Yield to Maturity** => A rentabilidade anualizada que terão de investirem em determinada obrigação e a levarem atè à maturidade.
Se pensarem, uma obrigação com uma yield to maturity acima do valor do cupão (cupão de 3% enquanto a YTM é de 3.5% por exemplo) apercebem-se que está abaixo do par. Uma vez que a rentabilidade esperada da obrigação caso a mantenham até à maturidade é superior ao cupão o lógico é que o "resto" vem do preço, e por isso tiveram que a comprar com desconto, por exemplo a 99% como no exemplo acima.
Este tipo de comportamento e perceber que as obrigações têm um preço que varia em sentido oposto ao da taxa de juro, como uma balança, é essencial para perceber como funcionam em agregado num ETF.
Como funciona num ETF de Obrigações?
Agora que percebemos que o preço das obrigações varia já podemos perceber melhor a questão de um ETF variar. No limite se um ETF tivesse só uma obrigação ele ia variar conforme o preço da mesma.
Mas como funciona em agregado?
Vamos começar por um ETF simples, com maturidade média curta e basicamente sem risco de crédito, o iShares Euro Government Bond 0-1yr UCITS ETF (https://www.blackrock.com/pt/profission ... -ucits-etf).
Este ETF apresenta, como o nome diz, obrigações governamentais da zona euro com maturidade entre 0 e 1 anos. Mas como podem imaginar um ETF com várias obrigações com diferentes maturidades tem uma **maturidade média**. No dia em que escrevo a maturidade média é de 0,42 anos.
Na mesma imagem podemos ver a yield média, 2.82% (logo em cima) e o cupão médio, 3.01% (logo à direita da yield média).
O que quer isto dizer? A rentabilidade esperada a 0.42 anos será de 2.82% anualizado (a yield é uma taxa de rentabilidade anualizada). Contas de merceiro vamos ganhar 2.82%x0.42 = 1.1844% brutos em cerca de 5 meses (contas simplificadas para melhor compreensão).
MAS o ETF não tem maturidade. Só temos valores médios tendo em consideração todas as obrigações em carteira. Como sabem os ETFs são dos instrumentos mais tranaparentes que existem por isso... vamos dar uma vista de olhos à carteira:
Aqui podemos ver, entre outras coisas na última coluna, a maturidade da obrigação. Podemos ver isso para todas as obrigações, sendo que a média destas datas de maturidade é que são os 0.42 anos que falamos em cima.
Agora imaginem que vocês estão a gerir o ETF. Conforme o tempo vai passando esta maturidade média vai diminuindo mas o mandato é que mantenham, hipotéticamente, a maturidade média entre os 0.40 e os 0.60. Como é que aumentam a média? Comprando Obrigações com uma maturidade superior à média claro. Na imagem podem ver a obrigação da Alemanhã que vence em Fevereiro de 2024, um período quase no limite de 1 ano e acima dos 5 meses de maturidade média. Por outro lado a obrigação com maior peso vence já em 23 de Maio de 2023, pelo que terá de ser substituida no limite nessa data, por uma (ou várias) com uma maturidade mais alargada.
### Duração e movimento do valor do ETF
Lembram-se de como um aumento da taxa de juro faz com que o preço da obrigação tenha de cair para que as yield to maturity sejam semelhantes entre diferentes obrigações com características idênticas?
Como vamos fazer essas contas num agregado de obrigações? Simples. Tudo o que nós precisamos já foi pensado e existe o valor que precisamos, denominado de duration ou **duração**.
Não há só um tipo de duração, por isso a "Duração efectiva" é o que interessa (a duração pode ser alterada via derivados, por isso o que precisam é mesmo a **duração efectiva**).
Para que serve? Simples. Por cada ponto percentual que a taxa de juro aumente (de 3% para 4% por exemplo) o ETF vai cair 0.41%. Ou o oposto, se a taxa de juro cair de 4% para 3% o ETF vai subir 0.41%. Há uma relação directa e muito próxima entre a maturidade e a duração e são muito semelhantes (caso a duração não tenha sido alterada via derivados, como no caso da maioria destes ETFs).
Ou seja, devido à não fim do ETF para o preço vai contribuir a yield to maturity (que quanto mais alta mais vai fazer o ETF subir claro) e a duração efectiva (que quanto maior mais volátil vai ser o ETF, porque uma duração efectiva de 2 vai fazer com que a cada ponto percentual de evolução na taxa de juro o ETF vai subir ou descer 2%, e se a duration for 4 etc etc etc).
Para a semana temos a conclusão deste artigo e a resposta à questão **" Se o BCE e a FED continuaram a aumentar as respectivas taxas de juro como é que os ETFs de obrigações estão positivos em 2023?"**
Não percam o próximo episódio porque nós... também não.
P.S. Se achares que algo precisa de um maior esclarecimento ou está confuso avisem sff. Às vezes é complicado explicar certos conceitos. Qualquer critíca construtiva é bem vinda, até de erros ortográficos, que eu escrevi isto rápido e nem me dei ao trabalho de colocar no word para ver erros.
Recentemente tenho visto cada vez mais um interesse em Obrigações, principalmente devido à queda histórica do ano passado ao mesmo tempo que as taxas de juro estão a aumentar.
Vou tentar explicar o funcionamento de ETFs de obrigações. Estou a partir do principio que as pessoas compreendem o básico sobre obrigações. Eu compro uma obrigação que tem um cupão e uma determinada maturidade. Nessa maturidade revejo o meu dinheiro de volta e entretanto vou recebendo os juros/cupão.
Exemplo: Comprei uma Obrigação do Tesouro a 100% com um cupão de 3%, que vai vencer daqui a 2 anos. Esta é a rentabilidade esperada, 3% ao ano durante os 2 anos.
Este é o primeiro passo. Compreender que uma obrigação é um empréstimo que fazemos a uma entidade, no nosso caso à República Portuguesa, por um determinado período de tempo.
O segundo passo é compreender o mercado secundário.
Qual a diferença entre mercado primário e mercado secundário?
Para quem não sabe o mercado secundário é, de uma forma simplificada, onde se compra e vendem as obrigações "em segunda mão". Ou seja, eu comprei uma obrigação, mas depois quero vendê-la. Posso fazê-lo no mercado secundário. MAS nada garante que vou conseguir vender a 100%, que foi o preço a que eu comprei no mercado primário.
A "garantia de capital" de uma obrigação é na data da maturidade, no nosso caso daqui a 2 anos. Entretanto a obrigação pode e vai variar de preço.
O que faz uma obrigação variar de preço?
Imaginemos que as taxas de juro continuam a subir. A nossa OT (Obrigação do Tesouro) que compramos a 100% e com um cupão de 3% deixa de ser tão atractiva. Porquê? Porque se as taxas continuaram a subir muito provávelmente passou a existir produtos "concorrentes" que pagam uma taxa mais elevada. Para simplificar vamos imaginar que o "produto concorrente" é uma nova emissão de Obrigações do tesouro e que tem exactamente a mesma data de maturidade da primeira, mas agora apresenta um cupão de 3.5%.
OT 1 - Data de Maturidade X, cupão 3%
OT 2 - Data de maturidade X, cupão 3.5%
Ora eu, como investidor, tenho duas obrigações que apresentam o mesmo risco de crédito (ambas OTs) e a mesma maturidade mas uma obrigação apresenta um cupão de 3% e a outra apresenta um cupão de 3.5%. Qual escolheriam? Claro que a que tem um cupão de 3.5%.
Então o que acontece às primeiras? Os investidores que as tinham vão claro querer vendê-las para trocar pelas segundas.
Se o mercado for eficiente (que normalmente é) neste caso em que a OT 1 e a OT 2 têm que ter a mesma rentabilidade. Mas o cupão é diferente e vem no contrato. Não vamos alterar o cupão da OT 1.
Então é aqui que entra o mecanismo de preço. Se o cupão da OT 1 é de 3% quer dizer que vamos ganhar menos 1 ponto percentual que na OT 2 (os 0.5 pontos percentuais de diferença do cupão multiplicado pela maturidade de 2 anos).
Contas de merceiro dizem-nos que a OT 1 deve andar pelos 99%. Ou seja, quem compra a OT 1 vai pagar 99 cêntimos por cada euro de valor nominal. Se o valor nominal for de 1000 euros, vocês vão conseguir comprar a OT 1 por 990 euros.
Essa diferença de 1 ponto percentual virá do desconto no preço. Ou seja vocês podem comprar a OT 2 a 100% com um cupão de 3.5% ou a OT 1 com um cupão de 3% mas com um desconto de 1% face ao valor nominal. No final do dia, excluindo questões fiscais, deverá ir dar ao mesmo.
Por isso é que quando as taxas de juro sobem as obrigações caem. A rentabilidade ou vem de cupão ou terá de vir de descontos do preço. O contrário também acontece. Ou seja, quando as taxas de juro caem as obrigações com cupões altos vão se tornar mais apetecíveis e vão ter um preço acima do par (acima de 100%).
Aqui nasce outro conceito, que é a rentabilidade da obrigação tendo em consideração o cupão **e** o preço e chama-se yield ou **yield to maturity**. Se levarem a obrigação até à maturidade é a rentabilidade que vão ter. Não precisam de andar a fazer contas ao preço e ao cupão. A **yield to maturity** é o que interessa e por isso acaba por ser o mais discutido e divulgado em finanças/investimento.
Vamos recapitular os conceitos para a secção seguinte:
**Cupão** => Os juros que a obrigação paga, por exemplo semestralmente;
**Maturidade** => A data de reembolso do capital investido AKA o "fim" do empréstimo;
**Taxa de juro e obrigações movimentam-se em sentidos opostos**, com se fossem uma balança, para compensar movimentos das taxas de juro;
**Yield to Maturity** => A rentabilidade anualizada que terão de investirem em determinada obrigação e a levarem atè à maturidade.
Se pensarem, uma obrigação com uma yield to maturity acima do valor do cupão (cupão de 3% enquanto a YTM é de 3.5% por exemplo) apercebem-se que está abaixo do par. Uma vez que a rentabilidade esperada da obrigação caso a mantenham até à maturidade é superior ao cupão o lógico é que o "resto" vem do preço, e por isso tiveram que a comprar com desconto, por exemplo a 99% como no exemplo acima.
Este tipo de comportamento e perceber que as obrigações têm um preço que varia em sentido oposto ao da taxa de juro, como uma balança, é essencial para perceber como funcionam em agregado num ETF.
Como funciona num ETF de Obrigações?
Agora que percebemos que o preço das obrigações varia já podemos perceber melhor a questão de um ETF variar. No limite se um ETF tivesse só uma obrigação ele ia variar conforme o preço da mesma.
Mas como funciona em agregado?
Vamos começar por um ETF simples, com maturidade média curta e basicamente sem risco de crédito, o iShares Euro Government Bond 0-1yr UCITS ETF (https://www.blackrock.com/pt/profission ... -ucits-etf).
Este ETF apresenta, como o nome diz, obrigações governamentais da zona euro com maturidade entre 0 e 1 anos. Mas como podem imaginar um ETF com várias obrigações com diferentes maturidades tem uma **maturidade média**. No dia em que escrevo a maturidade média é de 0,42 anos.
Na mesma imagem podemos ver a yield média, 2.82% (logo em cima) e o cupão médio, 3.01% (logo à direita da yield média).
O que quer isto dizer? A rentabilidade esperada a 0.42 anos será de 2.82% anualizado (a yield é uma taxa de rentabilidade anualizada). Contas de merceiro vamos ganhar 2.82%x0.42 = 1.1844% brutos em cerca de 5 meses (contas simplificadas para melhor compreensão).
MAS o ETF não tem maturidade. Só temos valores médios tendo em consideração todas as obrigações em carteira. Como sabem os ETFs são dos instrumentos mais tranaparentes que existem por isso... vamos dar uma vista de olhos à carteira:
Aqui podemos ver, entre outras coisas na última coluna, a maturidade da obrigação. Podemos ver isso para todas as obrigações, sendo que a média destas datas de maturidade é que são os 0.42 anos que falamos em cima.
Agora imaginem que vocês estão a gerir o ETF. Conforme o tempo vai passando esta maturidade média vai diminuindo mas o mandato é que mantenham, hipotéticamente, a maturidade média entre os 0.40 e os 0.60. Como é que aumentam a média? Comprando Obrigações com uma maturidade superior à média claro. Na imagem podem ver a obrigação da Alemanhã que vence em Fevereiro de 2024, um período quase no limite de 1 ano e acima dos 5 meses de maturidade média. Por outro lado a obrigação com maior peso vence já em 23 de Maio de 2023, pelo que terá de ser substituida no limite nessa data, por uma (ou várias) com uma maturidade mais alargada.
### Duração e movimento do valor do ETF
Lembram-se de como um aumento da taxa de juro faz com que o preço da obrigação tenha de cair para que as yield to maturity sejam semelhantes entre diferentes obrigações com características idênticas?
Como vamos fazer essas contas num agregado de obrigações? Simples. Tudo o que nós precisamos já foi pensado e existe o valor que precisamos, denominado de duration ou **duração**.
Não há só um tipo de duração, por isso a "Duração efectiva" é o que interessa (a duração pode ser alterada via derivados, por isso o que precisam é mesmo a **duração efectiva**).
Para que serve? Simples. Por cada ponto percentual que a taxa de juro aumente (de 3% para 4% por exemplo) o ETF vai cair 0.41%. Ou o oposto, se a taxa de juro cair de 4% para 3% o ETF vai subir 0.41%. Há uma relação directa e muito próxima entre a maturidade e a duração e são muito semelhantes (caso a duração não tenha sido alterada via derivados, como no caso da maioria destes ETFs).
Ou seja, devido à não fim do ETF para o preço vai contribuir a yield to maturity (que quanto mais alta mais vai fazer o ETF subir claro) e a duração efectiva (que quanto maior mais volátil vai ser o ETF, porque uma duração efectiva de 2 vai fazer com que a cada ponto percentual de evolução na taxa de juro o ETF vai subir ou descer 2%, e se a duration for 4 etc etc etc).
Para a semana temos a conclusão deste artigo e a resposta à questão **" Se o BCE e a FED continuaram a aumentar as respectivas taxas de juro como é que os ETFs de obrigações estão positivos em 2023?"**
Não percam o próximo episódio porque nós... também não.
P.S. Se achares que algo precisa de um maior esclarecimento ou está confuso avisem sff. Às vezes é complicado explicar certos conceitos. Qualquer critíca construtiva é bem vinda, até de erros ortográficos, que eu escrevi isto rápido e nem me dei ao trabalho de colocar no word para ver erros.
Última edição por Virtua em 29 mar 2023 23:40, editado 2 vezes no total.
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Tens aqui a parte 2: https://www.forumdoinvestidor.pt/viewtopic.php?t=204
Aqui +/- uma parte 3 neste caminho de compreensão de ETFs de obrigações (neste caso de curto prazo): https://www.forumdoinvestidor.pt/viewtopic.php?t=258
Mas planeio fazer um novo (e final) em breve de ETFs de obrigações para investimento de longo prazo.
Os de curto prazo vão ter updates mensais!
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Boa análise para um fundo de longo prazo, neste caso o TLT (etf em usd porque só se encontra info de jeito de pessoal americano, mas a teoria é a mesma)
https://awealthofcommonsense.com/2023/1 ... -amateurs/
https://awealthofcommonsense.com/2023/1 ... -amateurs/
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Obrigado pelo conteúdo, muito útil.
Fiquei com uma dúvida, as obrigações estamos habituados a ver como capital “garantido” (investimento +juro) quando termina.
Nos ETFs quer dizer que podemos investir hoje, a maturidade das obrigações no etf ser por exemplo 2 anos, e acontecer ao fim de 15 anos termos menos dinheiro (se tivermos muito azar com as taxas de juro) ?
Obrigado
Fiquei com uma dúvida, as obrigações estamos habituados a ver como capital “garantido” (investimento +juro) quando termina.
Nos ETFs quer dizer que podemos investir hoje, a maturidade das obrigações no etf ser por exemplo 2 anos, e acontecer ao fim de 15 anos termos menos dinheiro (se tivermos muito azar com as taxas de juro) ?
Obrigado
-
- Mensagens: 1
- Registado: 06 abr 2023 05:30
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
No plano meramente teórico, sim, é possível. Mas seria improvável.
Dois apontamentos:
- A correlação entre a Yield Média atual e a tua taxa de rentabilidade passados 1.5x a 2x a duração do ETF é muito elevada, pelo menos para obrigações de Grau de Investimento (acima de 0.95)
- Pelo motivo acima, convém alinhar a duração do ETF com a duração do teu investimento. Se a duração do investimento é 15 anos, provavelmente escolherias um ETF com duração média de 8 a 10 anos
Dois apontamentos:
- A correlação entre a Yield Média atual e a tua taxa de rentabilidade passados 1.5x a 2x a duração do ETF é muito elevada, pelo menos para obrigações de Grau de Investimento (acima de 0.95)
- Pelo motivo acima, convém alinhar a duração do ETF com a duração do teu investimento. Se a duração do investimento é 15 anos, provavelmente escolherias um ETF com duração média de 8 a 10 anos
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Concordando a 100% com o que o Investidor Frugal disse a tua questão seria uma boa análise a fazer, agora com dados da queda de 2021/2022. "Qual é a probabilidade de um ETF de 2 anos de maturaidade (ou duration) ter valores negativos passado x anos". Vou colocar aqui nas notas. Podes usar ETFs de bonds com maturidade para não teres esse problema: https://www.justetf.com/en/how-to/inves ... bonds.html (Atenção que não são todos em EUR). Estes ETF têm uma yield, que na maturidade se deverá aproximar muito da performance (tirando a TER)
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Olá mais uma vez. Agradeço desde já as respostas que deram à minha dúvida.
Aproveito para, na mesma linha da minha dúvida, dar um exemplo concreto que encontrei e que acho que ilustra o caso que apresentei. Para relembrar, a dúvida era se seria possível um ETF de obrigações com duração/maturidade baixa (ex: 2 anos) estar negativo ao fim de vários anos.
O exemplo que trago é o ETF iShares Euro Government Bond 1-3yr UCITS ETF (Acc).
Este ETF tem maturidade/duration abaixo de 3 anos e está numa categoria "segura" (government), contudo é possível ver no gráfico que em 2014 valia mais que hoje.
Estarei a ver bem, Se tivesse comprado X unidades em 2014 e vendesse hoje, perdia dinheiro ?
Obrigado.
Aproveito para, na mesma linha da minha dúvida, dar um exemplo concreto que encontrei e que acho que ilustra o caso que apresentei. Para relembrar, a dúvida era se seria possível um ETF de obrigações com duração/maturidade baixa (ex: 2 anos) estar negativo ao fim de vários anos.
O exemplo que trago é o ETF iShares Euro Government Bond 1-3yr UCITS ETF (Acc).
Este ETF tem maturidade/duration abaixo de 3 anos e está numa categoria "segura" (government), contudo é possível ver no gráfico que em 2014 valia mais que hoje.
Estarei a ver bem, Se tivesse comprado X unidades em 2014 e vendesse hoje, perdia dinheiro ?
Obrigado.
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Sim, confirmo que a 10 anos o ETF teve rentabilidades negativas (-0.36%/ano). Relembro contudo que de 2014 a 2020 as taxas europeias estavam negativas. Comprares um ETF com taxas negativas vai dar a rentabilidades negativas. Ligeiramente diferente de as taxas estarem positivas e subirem ainda mais. O caso de taxas negativas não se coloca hoje, o segundo caso é uma possibilidade!
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Então a YTM nesses anos era negativa ?
E podemos então assumir que comprando-o com uma YTM positiva, ao fim de 6 anos é quase seguro que valorizou ?
Obrigado!
E podemos então assumir que comprando-o com uma YTM positiva, ao fim de 6 anos é quase seguro que valorizou ?
Obrigado!
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Sim. As taxas europeias estiveram negativas vários anos.
Euribor
Yield governamental de qualidade muito alta
Das contas que fiz, começando a 3%, que é o valor a que se encontra agora esse ETF, é quase impossível, mesmo que as taxas subam para 10% nos próximos 10 anos (refiro-me exclusivamente a esse ETF euro gov 1-3Y ou euro gov de periodos inferiores)
"We are drowning in information, while starving for wisdom."
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
Ok, esses gráficos explicam a situação bastante bem!
Quanto a esta parte, desculpa não percebi mesmo. Se comprasse agora (taxas positivas) e sendo um ETF Gov com duração abaixo de 3 anos, qual seria o problema em no máximo 6 anos o meu investimento estar positivo ?Das contas que fiz, começando a 3%, que é o valor a que se encontra agora esse ETF, é quase impossível, mesmo que as taxas subam para 10% nos próximos 10 anos (refiro-me exclusivamente a esse ETF euro gov 1-3Y ou euro gov de periodos inferiores)
Re: Como funciona um ETF de Obrigações
O problema? Nenhum, queremos é que esteja positivo
"We are drowning in information, while starving for wisdom."