Virtua Escreveu: ↑23 dez 2022 15:07
Louie Escreveu: ↑23 dez 2022 13:12
Virtua Escreveu: ↑22 dez 2022 20:14
Funny story that... Era uma vez um país chamado Nova Zelândia que nos anos '90 testou isso dos 2% e teve sucesso (até lá eram 0%)
Mas olha que há muita gente contra:
https://mises.org/power-market/origins- ... ion-target (visão bias contra mas com argumentos semi-válidos)
mas basicamente isto:
Eu sou a favor dos 4%!! (não estou a ser irónico e há razões para defender esse valor na minha opinião)
Quais são as razões para defenderes os 4%
Vou ser um pouco mais especifico que às vezes falamos no ar e não transmitimos bem o que pensamos. 4% não no sentido dos 2% actual mas o valor máximo de um range. Do estilo 2 a 4%. Neste paper eles colocaram 2 a 3.5%. Penso que tb não é por ai que têm uma opinião muito diferente da minha:
https://rooseveltinstitute.org/wp-conte ... tion-2.pdf
Aqui artigo de opinião:
https://www.piie.com/blogs/realtime-eco ... -you-think
Basicamente concordo com o Summers em quase tudo o que tem a ver com inflação e política monetária (embora eu tenha noção que ele não está na maioria):
Apresentação de várias pessoas. A do Summers está do lado de aumentar o inflation target (slides + transcript)
https://www.brookings.edu/events/should ... ethink-it/
Encontrei este artigo com opiniões recentes dele, que eu não tinha lido, e concordo com quase tudo:
https://www.newyorker.com/news/our-colu ... -and-biden
EDIT:
Resumindo: Target mais alto faz com que a FED tenha mais margem nas recessões para descer a taxa de juro e ao mesmo tempo mais margem para não as subir tão rápido como tem feito quando surge inflação. "Tanto faz" 2 ou 4% de um ponto de vista económico e em geral (o mercado ajusta-se)
SE as expectativas estiverem bem ancoradas. O que faz mal é inflação inesperada. Ora se a margem para gerir a inflação for maior a probablidade de inflação inesperada é menor, que é o que queres diminuir. Não só queres inflação relativamente baixa como é de interesse diminuires a volatilidade da mesma.
Aliás, exactamente por eles saberem que tanto faz 2 ou 4% é que reagiram tão tarde, porque pensavam que era transitória, mas agora apertam o cinto demasiado porque querem voltar para o 2%. Se o objectivo fosse 2 a 4% já lá estavam quase, era só deixar a este nível e esperar que a economia ajustasse o delay do efeito de aumento das taxas. A recessão não seria tão forte como provavelmente vai ser.
Não estava à espera que me desses tanto conteúdo para comer
Eu percebo a ideia de dar margem aos BCs para gerirem os diferentes ciclos.
Nos últimos vá, 20 anos, tivemos inflação baixa e crescimento económico modesto, que agora chamam de período de grande moderação.
Não estou a ver taxas de crescimento económico acima dos 2,5%-3% para o futuro. E esses níveis de inflação poderão causar a erosão dos rendimentos e o risco de as empresas terem de subir preços de forma consistente, assim como os salários, alimentando a própria inflação.
Nos desenvolvidos o crescimento tem sido baixo, assim como a inflação, mas algo estável.
Neste ambiente mais anémico julgou-se que era transitória, porque com a experiência do contexto das últimas décadas, olharam apenas para o lado da oferta (cadeias de abastecimento) e ignoraram o lado da procura (as doses de QE) que agora subjaz bastante na inflação, e não atuaram, deixando a fogueira ir ardendo.
Nos emergentes como sabemos é tudo mais volátil. O presidente do BC do Brasil esteve cá há umas semanas numa conferência e disse que em Abril/Maio (se não estou em erro) de 2021 quando viu a inflação a subir (creio que já na casa dos 5%) iniciou de imediato a subida das taxas de juro. Neste momento o Brasil é dos poucos países com uma taxa de juro real positiva.
E outros países emergentes seguiram o mesmo caminho. Porque sabem o que é viver com inflação alta e sabem como se propaga rapidamente.
Isto apenas para dizer como o próprio contexto e experiência influenciam a tomada de decisão.
Não quero com isto dizer que rejeito essa visão, tem o seu sentido, apenas tenho dúvidas.
Por outro lado, com a desglobalização que está em marcha é bastante provável que o nível de inflação flutue nesses valores nas próximas décadas, e seja necessário um novo paradigma para abordar a situação, que não ande longe dessa abordagem.
Como se costuma dizer: a verdade andará algures aí pelo meio
PS: também gosto de ouvir o Larry Summers
