Louie Escreveu: ↑08 mar 2023 14:27
Vou partilhar aqui o texto da newsletter do Portefólio Perfeito do Luís Leitão, jornalista do ECO:
Um seguro contra as quedas da Bolsa
Num mundo perfeito não haveria necessidade de ter um seguro. Mas os acidentes acontecem e não raras vezes o inesperado bate à porta. É por isso que os seguros fazem sentido para muitas famílias. Afinal, mais vale prevenir do que remediar.
Este mesmo princípio deve ser aplicado à sua carteira de investimentos. Os fundos cotados invertidos (também conhecidos como inverse, reverse, short e bear ETF - de exchange-traded fund) são vistos por muitos investidores como uma forma de ganhar dinheiro com a queda do mercado. A razão é simples: estes fundos cotados em Bolsa prometem gerar ganhos quando os mercados resvalam.
Mas atenção: os fundos invertidos podem ser mais arriscados do que os ETF tradicionais, porque foram concebidos para replicar inversamente um índice de referência durante um único dia de negociação. Não é por isso de esperar que sejam capazes de ter sucesso no longo prazo.
Isto acontece porque, para alcançarem os resultados desejados, os fundos cotados invertidos recorrem a ativos financeiros complexos, como futuros, opções, swaps e contratos forward que têm datas de vencimento e cuja gestão é feita para um período de tempo muito reduzido.
Para os investidores que seguem uma estratégia de longo prazo, os ETF invertidos são uma ferramenta útil para amenizar ou mesmo anular perdas momentâneas sem haver necessidade de recorrer a complexos produtos derivados como warrants, contratos de futuros e opções; ou mesmo para retirarem alguma pressão sobre a redução ou fecho de uma posição.
Imagine que tem 10.000 euros aplicados em ações e fundos de investimento de ações europeias e pretende reduzir para metade a exposição da sua carteira a futuras correções do mercado europeu. Para o fazer, apenas tem comprar um “seguro” através de um investimento de 5.000 euros no Lyxor Euro Stoxx 50 Daily (-1x) Inverse que é transacionado na Euronext Paris.
Se a sua carteira apresentar uma correlação muito elevada com o índice Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores empresas da Zona Euro e que serve de referência a este fundo, metade da carteira ficará protegida dos deslizes do mercado: quando o mercado europeu cair 5%, a carteira desvaloriza cerca de 500 euros e, ao mesmo tempo, a posição no fundo invertido valoriza teoricamente 250 euros.
No entanto, poderá ainda proteger metade da carteira com menos dinheiro. Para isso, em vez de aplicar 5.000 euros só tem de investir 2.500 euros na versão alavancada desse fundo, o Lyxor Euro Stoxx 50 Daily (-2x) Inverse. Desta forma, conseguirá proteger à mesma metade da carteira dos tombos do mercado, mas despendendo menos dinheiro.
No último mês, o Lyxor Euro Stoxx 50 Daily (-1x) Inverse acumula uma rendibilidade de -2,4% e a versão alavancada -5,1%. Em sentido inverso tem estado o índice Euro Stoxx 50, que contabiliza uma subida de 2,5%.
Cuidados a ter antes de investir em ETF invertidos
Numa estratégia de cobertura contra as quedas do mercado, a alavancagem é uma ferramenta poderosa, que tanto pode ser muito útil como revelar-se num elemento demolidor numa carteira de investimentos.
Se, por um lado, possibilita aos investidores abrirem uma posição significativa junto de um ativo com pouco capital disponível, também contribuem para a perda da totalidade do dinheiro investido num abrir e fechar de olhos, caso as coisas não corram de feição.
No universo dos fundos cotados invertidos, há muitos produtos que oferecem esta “especiaria” aos investidores. Estes fundos carregam na sua designação expressões como “ultra”, “leverage”, “2x” ou “3x”, alavancando a exposição da carteira numa proporção que pode ir até três ou mais vez. É preciso ter um cuidado extra com estes fundos e ter bem presente alguns cuidados:
Conhecimento: Leia com atenção a ficha de informação sobre o fundo invertido que está a comprar para conhecer em detalhe como ele se comporta consoante a movimentação do seu índice de referência.
Prazo de investimento: Um fundo invertido não é um ativo para o longo prazo. Deve ser monitorizado constantemente.
Risco: Avalie o potencial risco de perda que poderá incorrer caso o mercado não se comporte de feição com as suas expectativas. Alguns fundos invertidos oferecem alavancagens de duas e três vezes.